29/05/2019 Refletindo sobre o dízimo
Podemos definir o dízimo como uma contribuição sistemática e periódica, através da qual cada comunidade assume a corresponsabilidade por sua sustentação e da Igreja.
Seja essa definição boa ou ruim, é importante entendê-la: contribuição sistemática e periódica. Periódica, de tempo em tempo, de mês em mês. Sistemática = estável, regular, permanente. Então o dizimo é diferente das ofertas. Estas eu trago em uma missa, deixo de dar na outra. O dízimo não deve ser esquecido.
Buscando uma fundamentação bíblica para o dízimo, vemos que ele passa pela revelação divina que é progressiva e voltada para Cristo.
A primeira menção vem com os patriarcas, passa pelo caminho de Moisés, pelos profetas e chega a Jesus e as primeiras comunidades cristãs, que estamos recordando nesse início de tempo pascal.
Reflitamos, brevemente sobre esse caminho. Fala-se de uma época em que vários deuses eram adorados. Porém, Abrão era monoteísta, adorando a um único Deus, Javé. Deus estabelece uma aliança com Abrão e lhe promete toda terra que seus olhos fossem capaz de ver e uma descendência tão numerosa como os grãos de poeira dessas terras. Havia grande conflito nas terras e numa das batalhas Ló, sobrinho de Abrão, foi levado junto com muitos bens saqueados. Abrão, ao saber disso, reúne aliados e familiares persegue seus inimigos e os vence. Melquisedec, rei de Salém, que reconhece o Deus de Abrão como Altíssimo oferece pão e vinho a Abrão, e este lhe dá a décima parte do que conquistou. Está aí a primeira menção ao dízimo. Tempos depois, Abrão que quer dizer pai erguido, é chamado por Deus de Abraão que quer dizer pai de uma multidão. Tem com Sara, que era infértil e idosa, o filho Isaac que mais tarde torna-se pai de Jacó que se dispõe a oferecer o dízimo como resultado de sua experiência com Deus. Dizímo é oferecido como reconhecimento e gratidão pela dádiva de Deus. Jacó tem 12 filhos que foram patriarcas das 12 tribos de Israel, tornando-se numeroso o povo de Deus.
Tempos depois, em uma nova aliança com Moisés, e durante o período do caminho para a terra prometida, nos quarenta anos em que o povo de Deus ficou no deserto, o dízimo é instituído como preceito, regra. Da lei que Moisés recebeu de Deus, o dízimo tinha 3 elementos significativos:
• Sustentava os levitas pelos serviços litúrgicos
• Auxiliava os necessitados, como o estrangeiro, o órfão, as viúvas.
• Pedagógico: caminho para se aprender a exercitar o temor a Deus.
Já na época dos profetas Amós condena o dízimo descompromissado. Malaquias relê o preceito do dízimo sob um prisma mais profundo: o da fidelidade à Aliança.
No Evangelho, Jesus opõe-se ao comportamento dos fariseus e escribas em dar o dizimo, porém neglicenciando a justiça, a misericórdia e a fé.
Hoje, a primeira leitura nos mostra que as primeiras comunidades cristãs agiam com um só coração e uma só alma. O dízimo aparece como partilha. A leitura dos Atos dos Apóstolos nos mostra que ninguém passava necessidade, pois quem tinha dava aos apóstolos que distribuíam segundo a necessidade.
Hoje, devemos ver o dízimo sob 4 dimensões:
• Religiosa: a vivência da fé em comunidade nos permite a partilha;
• Eclesial: a necessidade de como membro da Igreja, ser corresponsável por ela e pela manutenção dos cultos;
• Missionária: manifestando a comunhão entre paróquias e arquidioceses;
• Caritativa: expressão da própria essência da Igreja de Cristo.
Dentro dessa linha, é importante lembrar que com o dízimo:
• Paga-se conta de água, luz, telefone;
• Permite-se o sustento dos ministros ordenados;
• Providencia-se materiais litúrgicos e para a pastoral;
• Contribui-se com a formação das pastorais;
• Paga-se funcionários;
• Faz-se a conservação da igreja;
• Permite-se ajuda assistencial aos pobres;
• Expressa-se a comunhão da paróquia com toda a Igreja,
• Oferece-se contribuição ao Seminário Arquidiocesano e a Cúria Metropolitana.
Com tudo isso, deixamos de ver o dízimo como mera contribuição sistemática e periódica para vê-lo como:
• Partilha: onde parte do que é nosso torna-se benefício para a comunidade;
• Gratidão: forma de agradecimento a Deus por tudo que ele nos dá
• Evangelização: com o dízimo são adquiridos subsídios para que ajudam a evangelizar.
• Testemunho: ao contribuir com o dízimo, testemunho minha fé.
• Generosidade: não ofereço sobras ou restos, mas um fruto de minha renúncia e de meu sacrifício.
• Atitude de fé, pois sem fé o dízimo é vazio.
Se você ainda não é dizimista e deseja sê-lo, inscreva-se na secretaria paroquial ou no balcão de intenções das missas, antes das celebrações.
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